quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Honestidade intelectual, precisa-se!

Willem Cornelisz Duyster (1599 – 1635)


Já nos habituámos a toda a espécie de deriva ideológica ao sabor dos interesses do momento. Não devia ser assim, mas é e até já nem nos indignamos.

Mas a uma ministra socialista e ex-sindicalista exijo-lhe, ao menos, honestidade intelectual.

Vir justificar as alterações propostas às indemnizações por despedimento com o exemplo de Espanha, encobrindo as muitas diferenças que existem entre as duas realidades – do valor do salário mínimo às parcelas que entram no cálculo da indemnização (em Portugal é só o vencimento base mais diuturnidades e em Espanha contam todos os suplementos, da isenção de horário ao trabalho nocturno) – é, no mínimo, intelectualmente desonesto.

Mais vale dizer que queremos fazer concorrência à China, nivelando as condições laborais e salariais pelos mesmos padrões (que já nem hipocritamente criticamos…)!

Sinceramente, esperava mais.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quem nos defende dos defensores?


Para a teoria económica neoclássica – retomada pelos neoliberais e muito em voga nos tempos que correm – o mercado de trabalho sofre vários constrangimentos ao seu livre funcionamento que são impostos pelas instituições: legislação laboral, negociação colectiva, salário mínimo, protecção no desemprego…

Defende ainda que a “rigidez” do mercado de trabalho imposta pela existência destas instituições é um factor importante de desemprego.
Ou seja, o crescimento do emprego dependeria, assim, da eliminação do salário mínimo, da alteração (de preferência eliminação) das leis que protegem o emprego e da redução do grau de “generosidade” da protecção no desemprego (leia-se acabar ou reduzir substancialmente o subsídio de desemprego).

Estas medidas têm sido insistentemente defendidas publicamente, especialmente por todo um conjunto de economistas filiados na corrente neoliberal (a Faculdade de Economia da Nova parece ser o mais recente ninho intelectual destes mentores) e logo acarinhadas pelos vários poderes.

E a verdade é que paulatinamente as instituições criadas ao longo de décadas para nos protegerem dos abusos vão caindo, uma a uma.

Lamentavelmente, é pela mão de uma ministra que foi sindicalista – nº 2 da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) antes de se render aos encantos da governação – que os patrões alcançam mais uma vitória: a redução a um terço das indemnizações por despedimento.

Como defende a teoria neoclássica de mercado de trabalho, acaba-se com as instituições que constrangem o livre confronto entre oferta e procura, tal gladiadores e feras na arena.

Afinal, o desemprego não é mais do que o resultado da intransigência do trabalhador em aceitar as condições do mercado – ou seja, o salário de equilíbrio.

As nossas instituições políticas, eleitas na presunção de que nos protegem enquanto elo mais fraco no combate travado no mercado de trabalho, encarregam-se de nos obrigar a aceitar.

Aliás, há sucessivos governos que as alterações na legislação laboral usurpam direitos aos trabalhadores e subvertem a essência do Direito do Trabalho.

Em contrapartida, as promessas de um mercado de trabalho mais dinâmico de que resultaria mais trabalho qualificado estão à vista: o desemprego está imparável, a precariedade aumenta, a pobreza atinge não só quem não tem trabalho mas também um cada vez maior número de trabalhadores.

Quem nos defende dos defensores?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Obrigada, BB

Biblioteca municipal no miradouro de Santa Luzia, 1949 (Foto: Mário Novais, Arquivo Municipal de Lisboa)



Na crónica desta semana - excelente como todas -, Baptista Bastos lembra-nos dois grandes escritores a quem vale a pena voltar, sobretudo nestes tempos: Manuel da Fonseca e Mário Dionísio.



Gosto especialmente de Manuel da Fonseca. Excertos de romances lidos na juventude continuam presentes na memória.



É tempo de (re)descobri-los. Abrem-nos os olhos, ajudando a perceber (melhor) a actualidade.

Votar, sempre!

Tanto ou mais que um direito, é um dever.
Vamos votar, nem que seja em branco. Mostremos que nos preocupamos e não adormecemos.
Por mim, à esquerda.
Às urnas!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Que esperar do novo ano?


Alguém tem resposta(s)?